quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A nossa esperança está em Deus.

Todos os livros de auto-ajuda, apenas defendem a idéia contida num único versículo que foi registrado na Bíblia, muito antes que a neurolinguística e a filosofia descobrissem o poder do pensamento positivo. Esse versículo está em Lamentações 3: 21: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.” Todo o capítulo 3 do livro, cuja autoria é atribuída ao profeta Jeremias, é uma alternância de sentimentos e pensamentos que oscilam entre o desânimo e a confiança.

Esse capítulo é uma miniatura do que acontece na vida de todos os homens. Há, para cada um de nós, um tempo de amargura e um tempo de bonança, um tempo de guerra e um tempo de paz, não necessariamente nessa ordem. Tudo quanto acontece neste mundo é uma alternância entre esses dois tempos. Quando folheamos uma revista antiga de celebridades e nos deparamos com figuras carimbadas do mundo fashion, podemos verificar que o intervalo entre esses dois tempos são recorrentes e que nem mesmo, o mais privilegiado dos homens escapa dessa periodicidade que hesita entre as amenidades e as agruras da vida, de maneira cíclica e sazonal. Como sempre, a mídia ajuda a compor os extremos que circundam os mitos: aquele que é celebrado hoje, amanhã estará sendo execrado com a mesma intensidade com que foi festejado. Essa é a glória do mundo: falsa, inventiva e mitológica. Um intervalo de tempo e temos o mito da celebridade jogado no limbo.

Mas isso não acontece apenas com o mundo fashion. Isso acontece todos os dias com pessoas anônimas e até com cada um de nós. De repente, a auto-estrada da vida nos leva a uma derrapagem, a situação escapa ao nosso controle, e quando pisamos no freio, descobrimos, com desalento, que é um pouco tarde: caímos na contra mão. A contra mão é um lugar extremamente perigoso e solitário. Nessa hora não há muitas pessoas para nos resgatar. Nessa hora só podemos contar com aqueles que nos amam e com Deus.

Foi sob esse contexto que Jeremias escreveu o capítulo 3 do Livro de Lamentações. O profeta desfia o seu rosário de lamentos ( e por isso o livro se chama “Lamentações”) num crescendo do versículo 1 ao versículo 20. Mas no versículo 21 algo acontece internamente: Jeremias descobre que é melhor trazer à memória o que lhe pode dar esperança do que ficar contendendo e murmurando contra Deus. Jeremias pára subitamente de reclamar e recorre, então, às lembranças que guardara acerca dos feitos de Deus e do seu caráter. Três são os atributos de Deus que Jeremias quer recordar para conservar a esperança: a Sua bondade, a Sua fidelidade, e a Sua misericórdia.

No dia mau podemos escolher o que queremos trazer à memória. A mente funciona como uma esponja absorvendo as idéias que nos fazem bem, e que nos trazem esperança, e as idéias que nos fazem mal, e nos trazem desesperança. Tal qual o profeta Jeremias, podemos nos lamentar por um tempo diante de Deus, mas a bênção só virá quando trouxermos à memória o que nos pode trazer esperança: a bondade, a fidelidade e a misericórdia de Deus. Haja o que houver em nossa vida, tenhamos em mente que Deus não muda. Ele sempre será: bom, fiel e misericordioso.


Postado por Ana Maria Ribas, em 21/5/2009, no blog: http://abrahana.blogspot.com

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