domingo, 14 de fevereiro de 2010

SE BEBER CERVEJA, NÃO DIRIJA.

Um dia desses, no intervalo comercial de um programa qualquer, minha filha fez uma observação bastante pertinente: “O governo deveria proibir propaganda de cerveja.”

Em seguida arrematou com a pergunta: “Por que só proibiu propaganda de cigarros, se os dois são drogas?”

Essa interrogação no fim da frase que me mata. Ela sempre vem acompanhada de um olhar profundo que me cobra uma resposta. Os filhos sempre acham que os pais, principalmente as mães, sempre sabem a resposta para tudo.

Explico que tempos atrás havia propaganda de várias bebidas como de uísque, Martini, pinga 51 e que depois foi proibida, mas não consigo lembrar porque a cerveja ficou de fora. Conclusão, fomos ao “SOS das mães”: o Google.

A propaganda de bebidas alcoólicas no Brasil é regulada pela lei n. 9,294, de 1996.
Segundo essa lei, que também regulamenta os cigarros, entre outros produtos, bebida alcoólica é somente aquela com mais de 13 GL, ou seja, exclui cervejas e vinhos. A principal restrição que apresenta é a redução do horário de propaganda na televisão e no rádio permitindo propagandas de álcool entre 21:00 e 6:00 horas. No entanto, as chamadas, propagandas de uns poucos segundos, são permitidas a qualquer horário. A partir de 2000, uma nova lei (n.10.167), foi sancionada que praticamente proibiu qualquer propaganda de cigarro (exceto dentro dos locais de venda). Apesar dessa proibição não atingir as bebidas alcoólicas, o clima político parece ter se alterado um pouco, tanto que em janeiro de 2002 havia mais de 50 projetos de lei propondo maiores restrições às propagandas de álcool. No início de 2003, o governo pareceu mais consciente do que nunca sobre a importância de introduzir restrições mais profundas com a intenção de reduzir os problemas relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas. No que diz respeito às propagandas de álcool, o ministro da saúde propôs a inclusão das cervejas na restrição de horário de veiculação. (ttp://www.propagandasembebida.org.br/artigos)


No site há várias referências sobre o assunto, mas, quem tem adolescente em cada sabe, esse pequeno trecho bastou para se voltar ao assunto: “Mas tudo isso é do seu tempo. Agora nós temos Lei que proíbe fumar em lugares públicos e os bêbados de dirigir. E continuam fazendo propaganda de cerveja na TV?”

O que dizer, se os próprios noticiários mostram que em todos os acidentes com vítimas, causados por motoristas embriagados, eles alegam o consumo de “uma cervejinha”. Ninguém diz que bebeu uma dose de uísque ou de caipirinha. Nos relatos sempre aparece uma das cervejas “Que desce Redondinha”, “A nota 10”, “A Paixão Nacional”, “A Número Um”, citando apenas as campeãs de venda, aqui em São Paulo.

Deixando de fora as razões econômicas e políticas envolvidas no caso, quem é “maluco” de falar contra o consumo de cerveja? Eu. Você.

Para quem gosta de beber, associa o sabor de cevada ao prazer. Na verdade, têm a ilusão de que se ficar sem ela vai acabar com a graça do futebol, do fim de semana, do encontro depois do trabalho, das festas em família, das refeições, das comemorações e até do verão.

Seria o mesmo que mexer em um vespeiro. Mas, já estamos fazendo isso contra o cigarro! Ou não?

Ainda bem que nessa nova geração há muitos jovens conscientes e dispostos a questionar. Mas, por que é tão difícil de abandonar os vícios?

Esse assunto me fez lembrar da frase “quem não muda pelo amor, muda pela dor”, que, infelizmente, foi banalizada entre muitas pessoas que a usam de forma debochada para se referir à conversão religiosa.

Mas, por que tem que existir uma proibição, por Lei ou pelos médicos, para que se tome uma atitude contra um vício? Seja ele comida, bebida, fumo ou comportamento social - como mentir, prostituir, roubar, enganar, etc.

A primeira vez que li a Bíblia cheguei a conclusão que era bem mais fácil quando Deus abria a terra e engolia todos os pecadores ou quando transformou em estátua de sal a mulher desobediente. Olho por Olho. Pronto.

Confesso que muitas vezes penso assim, diante de muitos fatos que ocorrem na terra. Mas depois converso com o Pai e, com a graça de Jesus, mudo de idéia. Mas se continuasse sendo assim, como no Velho Testamento, onde entraria o esforço pessoal, o livre arbítrio e o início da frase “pelo amor”? Primeiro amor por sua própria vida e, depois, pela vida do próximo.

Pense nisso quando vir alguém abrir uma latinha de cerveja do seu lado.

“Amai-vos uns aos outros como a ti mesmo.”